sexta-feira, 15 de junho de 2012

Ainda por cá andamos...


Ora viva de novo! Tudo bem? Então e que tal essa semana? Agora a sério, se estão mesmo a responder a isto devem estar a fazer uma figura um tanto ou quanto ridícula, mas força! Peço só que filmem e que ponham no youtube.

Em primeiro lugar, evitam vir falar comigo, eu já sei que escrevo muito e que o pessoal cansa-se a ler. Mas não sei se já perceberam que isto são registos semanais, para eu depois me lembrar do que fiz durante a semana e como devem imaginar já acontecem demasiadas coisas num só dia quanto mais numa semana! Tá? Percebido? Se eu podia ser mais sintético e até ter mais algum trabalho, podia, mas há uma linha que divide aquilo que quero fazer e aquilo que não me apetece fazer… E esta é uma linha demasiado tendenciosa.

A ida à praia, como aliás tudo o que acontece neste país não poderia ter corrido sem um ou outro sobressalto. Decidimos alugar um carro e nesse aspecto há que dar valor à nossa Romina que conseguiu tratar de tudo! Não aconselho é andar de carro e tê-la como co-piloto, mas isso é outra história.

O ponto de partida ficou marcado para as 6h30. Claro que como pessoa correcta e responsável que sou decidi deitar-me às 5h30. Há quem diga que fui o último a chegar e que estiveram 30 minutos à minha espera, mas estou farto de tentar explicar e pode ser que agora se perceba melhor, que não tenho culpa de ter entrado uma manada de elefantes azuis ao colo de suricatas amestrados e que me tenham bloqueado a porta de saída do prédio! Ainda para mais, o meu telefone não gosta de tocar alto quando sabe que estou atrasado e a dormir e só por isso é que não consegui atender nenhuma chamada!

Pronto, agora que já me justifiquei, siga com a história. O ponto de encontro ficou marcado para as 6h30 e lá arrancamos nós em dois Toyota Corolas que por fora até pareciam ter bom aspecto. O destino seria Marracuene (a cerca de 30 kms de Maputo) onde de seguida apanharíamos um batelão e atravessaríamos para Macaneta (a praia). A viagem até lá correu bem, o Néné não levava cinto e teve de dar 100 paus a um polícia que segundo o próprio, precisava de almoçar, e nós fomos a ouvir o vasto reportório musical da Sónia.

Chegando a Marracuene informam-nos que o barquito estava avariado e que ainda demorava uma horita até a coisa voltar a funcionar. Decidimos ficar, até porque não tínhamos muito mais para fazer… A espera até se passou bem, estávamos rodeados de crianças com dotes espantosos como o de construir pequenos barcos ou carteiras através de uma folha oferecendo-os e dizendo “espero que ajude na tua viagem”, tínhamos também os típicos vendedores que acham sempre que sabem que o que nos faz falta quando vamos para a praia são adaptadores de tomadas.

Ao fim de uma hora de fotografias, palhaçadas, distribuição de bens alimentares, vulgo rebuçados, pelos mais pequenos e de uma tentativa de furto de um dos pequenos o barco fica bom! Isto em qualquer outro sítio do Mundo seria um alívio, mas devo relembrar que estou em Moçambique… Quando chega a nossa vez de subir para aquilo a que chamavam de barco mas que mais parecia uma jangada feita por um Tom Sawyer sob o efeito de estupefacientes, informam-nos que a entrada para o barco era demasiado elevada e que apenas os jipes podiam passar. Se podiam ter informado isso naquela hora que estivemos à espera? Podiam, mas não era a mesma coisa…

Decidimos então arrancar em direcção a Bilene que fica a cerca de 198 kms de Maputo. Isto eram 10h30, tínhamos Sol até às 16h e ainda eram mais de 2 horas de viagem. Uma atitude mais que sensata portanto!

Chegámos a Bilene por volta das 13h. Andamos às voltas à procura da praia e chegamos a um condomínio. Conhecemos logo o amigo Elias informa-nos que podíamos lá deixar os carros que ele ficava a tomar conta. Uma pessoa sente-se sempre segura quando sabe que tem um rapaz com cerca de 20 anos e 55 quilos de peso a tomar conta de dois carros…

Chegámos à praia e aí sim, finalmente percebi o porquê de tanta gente perder tanto tempo e fazer tantos quilómetros para ir a Bilene. Uma praia gigantesca, vazia, a areia mais branca que as paredes de um hospital psiquiátrico, e água parada, azul e límpida… Paradisíaco mesmo. Um barqueiro informa-nos que aquela era a parte apenas correspondente à lagoa e que se realmente quiséssemos conhecer a parte da praia teríamos que ir de barco. Tivemos relutantes para aceitar, mas o tempo já era curto e estava-se realmente bem ali. Sim, foi mesmo para meter nojo ;)

O resto do dia passou-se muito bem! Deu para jogar vólei, futebol e ocasionalmente uma mistura dos dois. Ainda conhecemos o Salazar com um jeito nato para esculpir figuras de madeira e que ainda nos personalizou um cinzeiro e um porta-chaves. Deu ainda para jogar dar uns toques com alguns locais que para lá andavam e descobrimos ainda o futuro pantera-negra da selecção (já estou a tratar do contrato).

Por volta das 16h e já todos rotos decidimos voltar para Maputo. Parámos em Manhiça para trincar qualquer coisa e voltar à estrada. Mas eis se não quando que um simpático senhor nos informa de que temos um pneu em baixo o que é óptimo para quem vinha a 130 km/h. Tiramos o pneu e pedimos lá a um rapaz se nos consegue remendar aquilo. Diz que sim e começa o serviço. O pneu tinha já sido remendado três vezes mas curiosamente o artista decidi apenas arranjar um deles. Claro que tivemos que ir até Maputo com um pneu a vazar por dois sítios, mas a pressa de levar o golo do Mario Gomez falava mais alto…

Um pequeno aparte, conduzir em Moçambique não é muito diferente de conduzir numa selva com antílopes a virem de frente, com a diferença que muito provavelmente os antílopes apercebem-se de que um embate de frente vai magoar um bocadinho… O conduzir à esquerda já não baralha muito, volta e meia ainda ligo o limpa pára-brisas em vez do pisca mas de resto tranquilo. O problema está mesmo com certos “animais” que não percebem que quando vem um carro de frente numa curva cerrada à noite, não é a melhor altura para ultrapassar… Estranho, eu sei, mas não é mesmo…
Claro que tudo isto é muito mais giro com as fotografias que o Charles e a Sónia disseram que arranjavam e que continuo à espera… Depois queixem-se quando virem um Land Rover preto na vossa direcção… Ainda assim podem ver algumas das fotos no meu facebook que o amigo Luís Pereira, "Matolas" para os amigos partilhou e eu roubei-lhas ;)

Chegamos a casa ainda a tempo de descobrir que a pontaria da selecção portuguesa está melhor que nunca, que o Postiga é provavelmente o jogador de futebol com a maior cunha da história, que o Miguel Veloso se não andasse sempre com o cardápio do Chimarrão na cabeça até era capaz de se tornar num jogador de futebol mediano e que o Paulo Bento tem mais medo dos alemães que o José Castelo Branco de casas de strip.

Depois do jogo e de ter perdido 50 paus a apostar naquela equipa, não consegui mais que adormecer com a mesma roupa com que fui para a praia.
O Domingo passou-se de forma tranquila. Acordámos cedo e fomos ao tanque de um hotel aqui perto (há quem lhe chame de piscina, mas eu continuo a achar que já vi senhoras a lavar a roupa em pias maiores) onde fiquei estupefacto com as qualidades técnicas de natação do Néné e da Bárbara! Não podem é tocar na água, mas de resto, nota 10! ;)

Ainda em relação à piscina, chegamos à conclusão de que a Rita Russo é a quebra-corações de Maputo… Dúvidas houvessem, deixo-vos com a mensagem do Celso, rapaz que teve o infortúnio de um dia servir uma imperial à Rita e de ser trespassado pela seta do cupido: 

“Oi bom dia Rita como estas de saúde?
Eu Celso estou bem.
Sabes Rita eu onte não apanhei sono em pessa em ti.
E eu difacto estou muito apajonado por ti Rita.
E tu não estas apajonada por mi.
Por favor Rita estou apdir namora comigo.”

Sinceramente Rita acho que estás a ser muito intransigente com o rapaz.. Ok, tudo bem que não interagiste mais que 10 minutos com o rapaz, mas alguém com uma qualidade literária suficiente para fazer lembrar um qualquer Camões cego dos dois olhos, merece no mínimo que tomes um descafeinado com ele.
Adiante, na parte da tarde fomos até à escola portuguesa comemorar o Dia de Camões e dos países da CPLP (sim, estou feito um emigrante autêntico). A festa correu bem, havia comes e bebes (optámos mais pelos bebes) e ainda deu para ver lá uma barraca dedicada à Académica. Deu também para saltar do telhado da escola numa suposta actividade radical para crianças mas que tinha todas as condições de segurança necessárias para encher a ala de traumatologia do pediátrico cá do sítio. Ah!! Mas calma, que estavam lá os bombeiros e o Charles para captar o momento mas apenas 35 minutos depois… O momento épico e que deve constar nos anais da nossa história (sempre adorei esta expressão) aqui por Maputo é mesmo o traje do André, que se conseguiu indumentar como um verdadeiro Moçambicano!


O resto da tarde até tinha sido animada, não tivesse eu uma reunião às 17h. O resto da tarde/noite rolou mais uma vez pelo Núcleo de Arte que como diria o meu amigo Mário, “estou lá titular todos os Domingos!”.
Na Segunda tivemos o jantar da comemoração do 10 de Junho que no entanto ficou para o dia 11 (cenas deles…), onde fomos convidados pelo Sr. Embaixador e respectiva esposa a estar presentes. Posso dizer sem pensar muito que se houvesse algum prémio a atribuir às pessoas que claramente não sabem vestir para um evento formal nós ganharíamos de longe… De resto foi bom, comes e bebes oferecidos, havendo uma clara aposta nos bebes…

 
Na terça tive doente e continuo a achar que foi tudo um complô organizado pela minha carteira para não me deixar ir ao karaoke ao Gil Vicente. O que interessa é que os Inov’s forem bem representados pela Sonie e pela Romina que pelo que sei deram um verdadeiro espectáculo em palco… Ainda por aí um vídeo, mas curiosamente este tipo de vídeos nunca vêm a público…

Quarta fomos ver o jogo da selecção ao Parque dos Continuadores. Havia um projector, pessoas, um comentador que era claramente adepto da selecção portuguesa mas que percebia tanto de futebol como eu de óleo para fritar atum campestre e curiosamente havia uma grande falange de apoio à selecção dinamarquesa composta unicamente por moçambicanos, que festejavam os golos com mais afinco que os próprios nórdicos que estavam ao meu lado (quero acreditar que no fundo apenas estavam confusos por Portugal jogar de branco). Já agora, eu sei que é estranho, mas conheci dinamarqueses em Maputo… O que também é estranho e me continua a fazer séria confusão foi aquele golo do Postiga. Até hoje ninguém me tira da cabeça que ele chutou a bola porque viu um alemão atrás dele e teve medo que ele lhe roubasse a bola de brincar…

Na Quinta houve mais uma futebolada com mais um massacre da minha equipa (uma vez mais, evitam, a história é minha). Também foi engraçado vêr o Rangel mandar a bola do Luciano para o Oceano Indico numa clara tentativa de aproximação do futebol aos tubarões… Deve ser da febre do Euro.

Ora esta semana já chega que já têm muito para ler e eu tenho que ir trabalhar. Amanhã vamos para a ilha da Inhaca passar o fim-de-semana e depois esperam-me 4 dias sozinho em Tete onde conto fazer luta-livre contra mambas e rinocerontes e onde espero participar no torneio regional de sueca selvagem.

Já agora gostaria também de partilhar os outros blogs desta malta que também se perdeu por aqui por Maputo comigo. Penso que existem mais, mas este são aqueles que me lembro para já.

Daniel Vaz -http://linhassoltasdodaniel.blogspot.com/
Mário Martins -http://molungo12.blogspot.com/
Sónia Carvalho - www.enikselom.blogspot.com

Estamos juntos!

2 comentários:

  1. you can do anything as long you have compass, a pen knife, some string, cheese, wine, several credit cards, a few millions dollars in your bank account, a private helicopter, and tissues... E sem nada disto já fazes muito e bem! Adoro ler-te! *****

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